Embora a década de 1970, marque um período tumultuado no processo de aplicação da cannabis para uso medicinal, a década seguinte é o início da elucidação. Em 1981, com a ajuda de seu grupo, o Prof. Dr. Elisaldo Carlini (UNIFESP) publica no J ClinPharmacol, periódico científico respeitado internacionalmente, um estudo duplo cego, randomizado, que incluiu uma pequena amostra de oito pacientes, comparados com sete controles, o efeito benéfico do CBD para controle de crises convulsivas. Carlini é parte fundamental no processo de retomada da pesquisa acadêmica na área. Seu artigo publicado foi referência para o estudo em todos os cantos do mundo, mas só gerou frutos na virada do século.
O sistema endocanabinóide Em 1999-2000, o sistema endocanabinóide começa a ser elucidado pela ciência. A descoberta dos canabinoides internos, produzidos pelo ser humano: anandamida (N-araquidoniletanolamida) e 2-araquidonilglicerol (2-AG), dos receptores de canabinoides CB1 e CB2, e das enzimas relacionadas ao metabolismo dos mesmos, eram a comprovação de um sistema especializado, algo natural para o ser humano. Com isso, as pesquisas retornaram com ainda mais força. A comunidade ciêntifica encontrou potencial clínico, com resultados positivos em diversas àreas de tratamento, incluindo a oncologia e imunologia. Não demorou muito para países por todo o mundo alterassem suas leis diante das novas descobertas. Podemos citar: Portugal, que mudou drasticamente suas leis à respeito do uso, em 2001. Uruguai que se tornou o primeiro país do mundo à legalizar totalmente o uso recreativo decannabis à nível nacional, em 2013. Além de 35 estados dos Estados Unidos, Jamaica, Canadá e outros. No Brasil, a efetiva mudança acontece apenas em 2014, quando um grupo de pacientes com eplepsia do estado da Paraíba, liderados por Júlio Amarico e Sheila Dantas, conseguiu, junto ao ministério público federal, a primeira liminar favorável a um grupo de pessoas, para importação do óleo rico em CBD. Embora as políticas a respeito da pesquisa científica tenham avançado considerravelmente nas últimas décadas, ainda há muito avanço pela frente: A ONU, por exemplo,só reclassificou a cannabis como uma planta para fins medicinal no ano de 2021, exatos 50 anos desde a primeira classificação. Essa demora, não reflete a efetividade do tratamento, uma vez que no ano anterior à reclassificação, a Anvisa registrou cerca de 45 mil importações de produtos à base de cannabis.